quarta-feira, 30 de maio de 2012

Je suis arrivée

Ontem foi dia de partida da terra do champanhe e do regresso à terra da sardinha assada.
Despedi-me do meu amor e lá fui rumo à sala de boarding que é como se diz por cá, o bordel. Nada de novo por aqui, até porque estive metade do tempo em modo autista a ver se a mala se aguentava em pé sozinha.

Chamada para a porta de embarque e começo a aproximar-me do amontoado com destino ao meu avião. Duas populações distintas: cerca de 10 homens a viajar em modo solitário, altos, louros e espadaúdos, três dos quais claramente gays, os outros 7 ainda em descoberta dado que o meu gaydar é uma valente merda. A outra população consistia em mais de 50 chineses com mais de 60 anos, de costas arqueadas e de sorrisos escarrapachados na cara como se estivessem constantemente a ser alvo de cócegas no ilhó.

Enquanto atravessava o corredor, rezava silenciosamente para calhar-me algum dos giros. Mas como a mim calha-me sempre cocó, já estava a antever o destino a gozar com a minha cara e enfiar-me por entre aquele chop suey todo.

Sentei-me no meu lugar cujos arredores ainda não tinham ocupantes. Nisto identifico o 4º gay que desfilava pelo corredor com a última edição de uma revista de moda chamada "Madame". Não que esteja a julgar claro; eu estava a folhear a Vanity Fair.

Ouço duas pessoas a aproximar-se e antes de olhar, certifiquei-me que não cheiravam a Pato à Pequim. Levantei os olhos e calhou-me um casal de heterossexuais. Não que tenha nada contra é claro, que os meus pais são heterossexuais e eu gosto muito deles. Mas estes ingleses, ao que tudo indica, tinham regressado de uma lua de mel em Paris e pelos vistos não foderam quanto baste. E beija p'ráqui, morde a orelha p'ráli, começa a dar-se um festival de dedos a circular pelos corpos que nem aranhas. Estou em crer que durante a descolagem, havia dois dedos em falta mas eu não estava a contar.

Passei a viagem com os auscultadores a ouvir música e a jogar Angry Birds. E claro, a comer metade de uma sandes de queijo e 15cl de Coca-cola que a AirFrance é uma oferecida.
Quando estávamos a aterrar, olhei para o lado na tentativa de perceber se a lady já tinha engravidado passadas duas horas de voo. Nisto, o avião começa a estremecer loucamente. Por momentos pensei que o orgasmo deles estava a interferir com toda a cabine. Mas não, estavam com a mesma cara de "é p'ra morrer ou não?" que todos os outros. Céu claro, sem nuvens à vista. Isto durou cerca de 15 tortuosos minutos e por momentos estava a recapitular o Parque Astérix mas sem a certeza que acabaria tudo bem. 
Uma inglesa atrás de mim pergunta à hospedeira:
- Why is he flying so badly? Such great weather outside. Is he drunk?

Bitch, era homem para ir aí dar-te um high five nas nalgas, se me deixassem tirar o cinto. Após o desaparecimento da hospedeira, a coisa lá acalmou. Se foi acordar o piloto ou fazer-lhe um bico não sei. Mas resultou. 
E cheguei.

1 comentário:

Xs disse...

lol!
Pronto!
Chegaste bem, e isso é que interessa!
:)