Faltam apenas duas semanas para celebrar aquilo que eu ia jurar que seriam as minhas bodas de prata, mas que verificada a agenda são afinal 6 anos. 6 anos de desejos de apertar-lhe o pescoço como se faz às galinhas quando ele me chaga a paciência com a desarrumação. Não que não tenha razão, que eu tenho a fantástica habilidade de transformar tudo numa pocilga sem grandes movimentos físicos; é uma questão de habitat natural creio.
Mas este ano não tenho como equiparar o presente, porque aparentemente a ida a Paris e afazeres está toda paga, com Disney included. E eu não sou rico. E não estou p'ra dar o cu até perfazer o valor, porque segundo as leis da fisiologia, eu preciso do meu esfíncter funcional.
O meu grande problema com esta carga de trabalhos de oferecer coisas a pessoas que já têm tudo, é o facto de serem tão insatisfeitos que apetece mesmo enfiar fussas na tarte.
Um dia, quando ainda era estudante, passei a semana a esparguete à bolonhesa com carne picada de frango, para poder oferecer-lhe um telemóvel. Ainda estava eu a mamar esparguete ao 5º dia quando ele me diz que não lhe dá jeito andar com dois telemóveis. Só não lhe enfiei o esparguete pelo nariz acima porque era a minha refeição. E já tinha abdicado de comida que chegue por ele.
Ofereci-lhe uma massagem, certo dia. Ele sorriu, agradeceu e disse que se calhar seria melhor ser eu a usufruir dela porque ele não é muito dado a essas merdas. O feliz aniversário tornou-se numa tempestade da minha fúria, berrando que ai-de ele que não fizesse a massagem até ficar com as bordas roxas de tanto esfregar. Nesse dia tive mesmo vontade de voltar atrás e enfiar uma nota de dez euros num envelope e sorrir, só p'ra ele ver o que é bom p'ra tosse. Ou naperons. Juro que um dia ele leva com naperons.
Noutro dia qualquer, ofereci-lhe uma cinta vibratória para tonificar o abdómen. Eu sei que é de mau gosto mas ele é que não parava de falar nisso. E eu já estava por tudo na arte de agradar o menino pelo menos uma vez. Foram dois dias de intenso lavor, após o qual a cinta foi devolvida a troco de dinheiro. Não me recordo ipsis verbis de todos os impropérios que bufei nesse dia. Provavelmente ele também não se recorda, porque a função dele durante essa discussão foi de adoptar uma posição de yoga, mirar o horizonte e suspirar.
Tenho um currículo bem mais que extenso para ter decidido deixar de lhe oferecer seja o que for. Mas ainda não o fiz, porque tenho o sádico objectivo de acumular presentes não apreciados para mais tarde, fazer uma boa lavagem de roupa ao som de um discurso vitimista de rejeição e enxovalhanço.
Estou deveras tentado este ano a oferecer-lhe uma andorinha da Bordalo Pinheiro, um cão de loiça ou a Nossa Senhora fluorescente em tamanho real para enfiar aqui no corredor em jeito de recordação diária: "Ainda tens a certeza que um telemóvel e uma cinta vibratória eram maus presentes?".
Eu vou-me esforçar, mas cheira-me que é desta que lhe vou ao pescoço.
5 comentários:
LLLLLLLLOOOOOOOOOOLLLLLLLLL
muito bom! :)been there, done that!
Schnoof amigo, o XL está contigo!!
Ah que bom, afinal eu não sou o único com esse mesmo problema...ainda este ano o meu jovem pediu-me que lhe oferecesse uma mesa daquelas montáveis, que só da pa uma pessoa, pode-se comer, ou colocar o portátil em cima dela, os americanos usam-nas muito, tás a ver quais são? Pois, lá andei eu à procura daquela a que apelidei docemente de Mesa da Solidão, lá a encontrei, comprei-a, oferecia-a, 4 dias depois já estava nos arrumos...e andei eu com aquela mesa da solidão na rua cheio de vergonha pa nada.
Ahahah! Tão fofinho!
Oferece-lhe uma lap dance. Li em qualquer lado que tens workshop e tudo.
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