segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Hey Vicky Hey

O meu namorado acha seriamente que nasceu com a veia de decorador de interiores, mas sem os floreados e sem as manias pindéricas de que só o caro é belo. Não duvido por um instante que as suas capacidades sejam dez vezes maiores que as minhas; para mim decorar um interior significa colocar um peru estofado em cima de uma estante clássica. Não é como os cães de loiça ou os naperons na TV mas roça o conceito.

Mas o meu namorado com o olfacto apurado da Vicky Fernandes para o sentido estético, ainda não captou toda a essência de viver num T1. Não é um loft, não é um duplex, não é um T6 para uma família fodilhona da Opus Dei: é um T1 para dois e um cão. E se o cão eléctrico não é razão suficiente para perceber que é preciso espaço, a minha mera existência de pouco mais serve. 

Porque aparentemente precisamos de mais espaço para roupa e porque os caixotes numa arrecadação não são uma hipótese, rechear um pequeno quarto para 3 com uma estante de 2 metros de largura e sabe-se lá quanto de altura, parece ser a solução da Vicky (começo a achar que ela é mesmo a alma-mater do meu "mais-que-tudo"). E já nem vou falar das profundidades sugeridas porque ao que parece vamos albergar os anoraques dos futuros concorrentes do Biggest Loser e então PRECISAMOS de mais espaço. Só que este "precisamos" refere-se à roupa e eu ingenuamente acreditava mesmo que ele estava a falar de nós. O meu conceito de precisamos tem a ver com a circulação das minhas pernas pelos poucos metros da casa (segundo a Vicky isto é o Palácio da Pena). Certamente a Vicky já não quererá rechear a casinha quando eu criar úlceras nas "nalgas" porque a liberdade que me é concedida consiste em rodar a cadeira do computador 180º. Aí já PRECISAREMOS de uma almofada com buraco porque já terei criado uma hemorróida tipo tomate chucha. E mesmo assim, acho que esse "precisaremos" referir-se-á às necessidades de não estragar a cadeira.

Já li em tempos, que o momento de decoração pode levar a discussões e mesmo a ruptura entre as pessoas. Eu sempre achei que essas pessoas eram um casal de loiros materialistas e tipo bué "dah". Dah estou eu porque não percebo nada de decoração e porque acho que um mono que mais parece as Twin Towers enfiados num T1 chama-se "enchouriçar". Rezo aos deuses que o mono não sofra ataques terroristas durante as minhas esporádicas tentativas de fazer exercício que não vão passar de alternar decúbitos com as minhas ulceradas nalgas.

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