Se há festa em Lisboa que eu não dispenso é a noite do Santo António. Faltei uma única vez para ficar a trabalhar e juro que deixei cair uma lágrima - tenho testemunhas. Desde então prometi que nunca mais faltava a essa grande noite, nem que estivesse com as perninhas partidas.
Ontem como estive em ensaios a fazer figuras mais tristes que a menina do dança-dança, cheguei mais tarde à mesa. Mas mesmo tarde, consegui mostrar o boi que havia em mim e fui a tempo de degolar meia dúzia de sardinhas e carnes que não me lembro muito bem quais. E mijo de cavalo que vinha em jarros.
E depois disso, podem dizer o que quiserem de Lisboa inteira, que Alfama é bonita, que eu sou bué de giro mas foda-se que a Bica é linda.
Aquele mar de gente impenetrável que ondulava para que chegássemos lá abaixo sem nunca ter tocado com os pés no chão; os gritos de guerra "PQP que a Bica é linda!"(claro que a parte do puta que pariu aparentemente só eu sabia a letra que o resto só cantava a segunda parte); o fumo da sardinha que nos assolava a fussa qual ventoinha em dia de calor; a Nena dos churros que atirava com churros na fussa de uma pré morta caída no chão, quais manobras de reanimação; a música popular brasileira portuguesa que entoava pelas janelas fora; aqueles apalpões sem fim que faziam com que aquela descida parecesse uma
valente queca e quase chegamos lá abaixo com as cuecas já molhadas.
No fim ainda tive direito a dançar Dancing Queen sem sair do sítio e sem ter que me dirigir a uma discoteca de especialidade paneleira.
Ai a Bica! *modo suspiro de quem acabou de tirar uma beringela do rabo*
3 comentários:
a que proposito tinhas uma beringela no rabo?!?!?!?!
Pelo descrição, já te passou a dor de dentes
Ao ler isto lembrei-me de uma noite de Santo Antonio em que acabei na cama com 2 policias...E sim, comecou tudo com os apalpoes, como tu dizes... Nem quis saber das sardinhas, assim que me apanhei com carapau do grosso na boca... Ai nossa senhora da Agrela, que nao ha ninguem como ela...
x Vandal x
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