quinta-feira, 17 de maio de 2012

Jantar de Turma

De há quase 7 anos para cá, a minha turma de faculdade tem cumprido a tradição de jantar anualmente para podermos olhar uns para os outros e apreciar minuciosamente a crueldade da velhice. Talvez sorrir para dentro em alguns casos, ou então aproveitar a boleia do álcool para gritar entusiasticamente "estás gorda que nem uma vaca, há quanto tempo?".

Para celebrar tão gloriosa data, os organizadores seleccionados para este ano decidiram-se por um restaurante na Buraca, local esse que me deixou em pulgas. Pulgas essas que provavelmente permanecerão no meu corpo após o jantar.


Não é que eu tenha nada contra os menos afortunados ou lá como se chamam os residentes da Buraca, mas não há ninguém na minha turma que eu queira ver tão desesperadamente a ponto de arriscar um assalto à mão armada. Além de que se me roubam o telemóvel / gps pelo caminho, eu não sei como regressar a Lisboa, muito menos circular por entre os labirintos e as sinalizações próprias das favelas.

Este ano tenho também um dilema porque tenho duas ex-grandes amigas que agora são simplesmente grandes vacas, que decidiram engravidar sem me dizer nada. Não sei durante quanto tempo estão a querer passar a ideia de que aquilo que ali está é uma barriga de cerveja, merda que teima em não sair ou um tumor. Mas, pelo sim pelo não, já treinei a minha cara de espanto em frente ao espelho. Falta-me só acrescentar um toque de genuína surpreendência mas estou a chegar lá.

Claro que depois disso, tenciono fugir para o lado oposto onde se sentam as putas cujo útero já nem tem agarras. Não é que eu não esteja feliz por ver as minhas colegas a fermentar meita nas suas barrigas, mas não consigo passar um jantar inteiro a ouvir falar em contracções, mamilos duros, mijas constantes e peidos involuntários. E também porque se me começa a cheirar a placenta escorrida enquanto estou a comer, fico com azia.

2 comentários:

et voilà disse...

Realismus é de ficar sem fome ao ler este post!

Anónimo disse...

os meus queridos colegas também querem para agora um jantar. vai ser maravilhoso encontrar aqueles (alguns dos elementos) que durante aqueles anos às vezes nem bom dia nem boa tarde e agora são todos tão queridos...