O meu amigo trabalha numa cadeia de hipermercados muito conhecida, mas pouco recomendada. Até porque para o terem contratado, essa empresa não tem bons profissionais na área de recrutamento: uma área fundamental aliás porque agora como contrataram a pessoa errada, este não faz ideia do que os consumidores querem e passa a vida a fazer inquéritos para que o possam elucidar.
O que o meu amigo não sabe é que as pessoas jamais confessariam aquilo de que realmente precisam optando por sugerir coisas supérfluas só porque era giro mas que jamais comprariam.
Aquilo que nenhum inquérito irá revelar a uma cadeia de hipermercados, é precisamente a informação que eu vou ceder aqui gratuitamente em nome dos cidadãos. Que agarre esta ideia o hipermercado mais rápido.
Meu caro amigo, as pessoas precisam é de pichota. Vivem para isso, vivem com falta disso e até à data, não existe mercado com pichotas a preços competitivos e em quantidade suficiente para satisfazer toda a população.
Podem vender de vários tamanhos, várias cores e vários sabores; podem ser de marca branca ou da marca Mimosa, mas vendam pichotas. Isso é o que as pessoas precisam, sentem maior falta e vão consumir sem demora.
Não importa se o vendem na parafarmácia como antidepressivo ou na doçaria como guloseima, se o vendem nas massas como fonte de hidratos de carbono, na charcutaria como salame ou se nos artigos para o lar como rolo de massa, ou até mesmo na secção de criança como calmante de gengivas para o nascimento dos primeiros dentes. Ou até mesmo na secção animal como osso.
Apenas não sugiro que o vendam nos lacticínios porque duvido que consigam extrair quantidades em massa que aquilo não funciona como as tetas de uma cabra.
Mas vendam. Façam promoções e quando as pessoas estiverem bem lassas, vendam 2 por 1... as utilidades são infinitas. Façam cartões pontos e ofereçam as respectivas bolas na compra da 5ª picha. Façam cartazes com a Soraia Chaves a comer uma enquanto se ouve o jingle do respectivo hipermercado. Ofereçam pichotas jumbo aos clientes mais garganeiros. Criem uma área dentro do hipermercado para que as pessoas possam comer as pichotas sem ter de esperar para chegar a casa e criem áreas gourmet onde as pessoas possam comprar pichas tailandesas sem ter de andar horas em aviões.
Pronto, acho que falei pelos portugueses e agora não se crucifiquem por não se terem lembrado disso antes.
Vão ver as receitas a disparar e não esperem muito tempo até começarem a vender carne de cona.
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