segunda-feira, 6 de junho de 2011

Dias de Merda


Hoje não escrevi absolutamente nada no blog. Mas sempre tudo muito justificado:

Acordei e fiz as malas para ir rumo ao Algarve, não sem antes passar pela Escola primária, depositar o meu papel de voto (começo a achar que com tantos avanços tecnológicos, este acto eleitoral começa a roçar o medieval).
Sempre a correr, e com medo de não apanhar o comboio a tempo, lá me deixei guiar pelo taxista e assim cheguei 20 minutos mais cedo ao local de embarque.
Tudo vazio até à chegada de uns vinte quaisquer nórdicos com umas malonas desportivas, sendo que dois sentaram-se ao meu lado, com um bafio a álcool que só Deus sabe. E nisto começa aquele chatting que eu dispenso, por parte do neandertal de dentes castanhos que segurava uma garrafa de gin:
Falas inglês? Yes. Muito? Yes. É o comboio para Faro? Yes. Somos a equipa de futebol da Noruega. Mm hmm, eu não sou fã de futebol. Perdemos. Sorriso amarelo mudo. Queres um bocadinho de álcool? É muito cedo para beber. Aquele é o meu colega heterossexual, ele gosta de raparigas. Interessante. Aquele é o melhor homem que eu já conheci, ele é homossexual. Interessante. Tu és gay certo? Acho que não tens muito a ver com isso. Tens entradas no cabelo, és gay. Desculpa? Sim, foi assim que percebi que eras gay. Porque estou  a ficar careca? O meu pai é careca... Ah então o teu pai também é gay? O quê?! Que conversa de parva. Namoras? Não tens nada a ver com isso. Eras capaz de trair o teu namorado ou namorada? Eu não disse que não tinhas nada a ver com isso? Desculpa, eu estava a intrometer-me? Estavas.
Não achas o meu amigo giro? Deve ser. Aquele é gay de certeza (nisto passa um homem com as vestimentas a roçar o Castelo Branco) e comecei-me a rir. Pensando tratar-se de uma brecha no meu incómodo, levo com a mão da besta bêbada a fazer-me festinhas nas costas. Chegou o comboio, e parti para a minha carruagem sem ai nem ui que isto há gente muito parva e ainda para mais, só me calha gente feia na rifa.
Finalmente sossego.
Senta-se um rapaz, este sim, quase a anunciar na testa que é gay, mesmo à minha frente, porque calhou-me aqueles lugares de 4 com mesa. Telefonam-lhe. Tu fazes-me sentir mal. Tu tratas-me mal nesta relação. Eu preciso de um homem que me trate bem. Começa o choro. Valha-me Deus. Agora o soluçar. E o ranho a escorrer pelo nariz abaixo. Lá vai uma manga. Lá vai outra. Agora a palma da mão. E o choro continuou. E põe os óculos de sol. E eu passei uma viagem inteira a meio metro de distância de uma Madalena perdida que soluçava a viagem inteira e escorria lágrimas que já metia dó.
E finalmente cheguei ao Algarve. Ganhou o Passos Coelho.

1 comentário:

Meia Noite e Um Quarto disse...

ahahahahahah love it!

Deixa, experimenta, e vou descrever uma situação análoga para perceberes a densidade da coisa: imagina uma rua augusta cheia de gente e ouvires um dos fofos a gritar ao tlm: CHEGA!!!!! CHEGA!!! C! H! E! G! A! CHEGA!!! Por mim CHEGA!!! BURRO FUI EU DE NÃO TE TER TRAÍDO QUANDO PUDE!! E TU MAL PODES TRAIS-ME LOGO COM DOIS GAJOS AO MESMO TEMPO!!!

Rezo todos os dias para manter em mim a dignidade...
Em nome do pai, do filho, e do espírito santo, bicha volta a ter o teu encanto! :-P